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Sejam bem vindos ao Meu Mundo Subjetivo!

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Conto 1

Com Ciúmes de Mim



Ela andava distante, às vezes tinha um sorriso no olhar. Isto me machucava. Em quem estaria pensando?
O ciúme corroía meu coração. Não admitia nem mesmo para mim, que eu poderia de algum modo está negligenciando os sentimentos dela.
Tratava-a hostilmente. Movido pelos pensamentos que povoavam minha mente. Era nisso que acreditava.
Ela nem sempre sorria. Muitas vezes a via chorar silenciosamente.
Não sabia como, mas queria me aproximar, lhe perguntar o motivo das lágrimas. E por medo da resposta permanecia calado. Querendo lhe abraçar e acabar com toda a agonia. Beijá-la. Dizer que estou sempre aqui... No entanto, pensamentos duvidosos afastam-me dela.
Enquanto escrevo este conto, ela assiste ao DVD da dupla sertaneja Thaeme e Thiago, cuja música se chama Deserto. Parei, ouvi  a música por algum  instante, comecei a refletir: desde quando criei entre nós esse deserto?
Vivemos sob o mesmo teto e já não a conheço. Se é que algum dia a conheci.
Por que tanto ciúmes dela?
Está mais velha e muito mais linda. Se dedica ao trabalho e a nossa vida. Mesmo assim, de algum modo me parece uma desconhecida. Nos tornamos estranhos dentro da nossa casa.
Decidi que prestaria mais atenção nesta moradora de meu mundo deserto, para juntos podermos encontrar aquele oásis que se perdeu no meio do caminho desses quase vinte anos de vida (quase) comum.
Ela olhou de lado e seu olhar encontrou os meus  olhos vidrados nela. Perguntou se eu queria ver o jogo. Respondi que não, assistiria mais tarde o telejornal. Percebi que seus olhos questionavam os meus.
 Eu  não a olhava com tanta atenção, não recordo desde quando.
Vinte minutos depois terminei meu conto. A seguir, fui até o sofá. Ela olhava a tela, mas seus pensamentos estavam dispersos. Falei ao seu ouvido: Amor vamos, tá na hora...amanhã acordamos cedo. Segurei sua mão e a puxei com cuidado.
Ela veio atônita, apenas se deixou levar pelo meu movimento de a levantar. Ficou de pé. Então a trouxe mais perto e lhe abracei. Ela me perguntou o que eu tinha. Por longos minutos não sabia o que dizer. Permanecemos abraçados por algum tempo, como sempre, ela falou primeiro meio preocupada.
"Fale meu amor, vai me deixar agoniada até quando?"
"Te amo tanto, você sabe, não sabe?"
"Se não soubesse já tinha deixado você, que pergunta!"
"É que andei delirando, pensando que  você podia tá pensando em outra pessoa."
"Tenho pensado muito nas pessoas que a gente se transformou. Sinto saudade de você, muitas vezes tão ocupado, não gosto de atrapalhar..."
"Você pode atrapalhar."
"Tentei e não fui bem entendida, na maioria das vezes..."
Ela estava coberta de razão, tentou mesmo, inúmeras vezes, me tirar da frente do computador, da frente da televisão. Organizou  passeios e acabou indo sozinha.
A ficha caiu!
Ela sorria lembrando da gente, as lembranças fazem seus olhos sorri.
Chorava decepcionada, não reclamava. Chorava em silêncio. Como a ignorei.
"Como fui tolo!"
"Por que diz isso?!"
"Estava ficando doente... com ciúme de mim."
Rimos da gente por algum tempo. Depois...bem, nem preciso dizer como foi depois naquela noite nem nos dias que vieram. Tudo começou a mudar ali.


....Frag-men-tos....Meus....

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